Inaugurou esta terça-feira, no Museu Rainha Sofia, em Madrid, a maior exposição de sempre dedicada a Paula Rego. Toda a obra da pintora poderá ser vista (re)descoberta até ao fim de Dezembro, numa retrospectiva que a confirma como uma das grandes artistas de hoje.
"É como olhar para o que se passou na minha vida" - assim sintetiza Paula Rego, em declarações à agência Lusa, a exposição retrospectiva da sua obra que a partir de hoje está patente no Museu Rainha Sofia, em Madrid, e que é inaugurada oficialmente à noite.
Duas centenas de pinturas, desenhos e gravuras integram a exposição de Paula Rego que hoje é inaugurada no Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid, a maior e mais completa exposição retrospectiva da obra da pintora já apresentada em Espanha.
O aborto, a guerra, Salazar, a figura feminina, contos tradicionais portugueses ou situações de obras de Kafka e de Eça de Queirós são apenas alguns dos temas abordados nos seus quadros. Entre retratos com tanto de prosaico como de crítico, onde o surrealismo e o expressionismo se cruzam com o grotesco, Paula Rego tem sedimentado uma obra cada vez mais reconhecida internacionalmente. Prova disso é ter sido considerada, em Inglaterra - país onde reside - uma das quatro maiores pintoras vivas do nosso tempo.
A artista nasceu em Lisboa em 1935, e desde cedo demonstrou gosto pelo desenho, talento confirmado pelos professores da St. Julian's School, no Estoril, onde estudou na adolescência. Na década de 50 partiu para aquela que seria a sua cidade nos anos vindouros: Londres, tendo aí frequentado a Slade School of Art. Foi também na capital inglesa que conheceu o seu marido, o pintor Victor Willing, e em 1963 passou a residir aí embora mantenha um contacto próximo com Portugal, onde a sua obra é alvo de atenção regular.
Uma das provas de maior reconhecimento por cá foi o convite de Jorge Sampaio, então Presidente da República, para pintar oito quadros sobre a vida da Virgem Maria, que se encontram agora na capela do Palácio de Belém, assim como o seu retrato oficial. A última exposição no Museu de Serralves, no Porto, conseguiu cerca de 300 mil visitantes. Internacionalmente, um dos pontos altos da sua carreira foi tornar-se na primeira Artista Associada da National Gallery, de Londres, em 1990.
Agora, naquela que é porventura a sua fase áurea, a artista exibe entre 25 de Setembro e 30 de Dezembro toda a sua obra no Museu Rainha Sofia, em Madrid, numa retrospectiva que inclui alguns inéditos. A exposição divide o percurso de Paula Rego em quatro grandes momentos - 1953/66, 1981/93, 1993/2000, 2000/2006 - e contempla pinturas e colagens, partindo dos primeiros trabalhos e evidenciando a passagem para uma componente mais narrativa, que tem vincado as suas pinturas dos últimos anos.
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